segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SUSSURRO


Entre o querer
e a resistência da razão.
Entre cálices de palavras,
e queimação antiga
que não se exala à madurez destes corpos.
Onde vive o desejo implícito,
defendendo a fome
que na boca queima o ardor.

Língua,
luva simples,
que acaricia a pele há muito deserdada.
Véspera do instante
em que de repente se enlouquece.

O toque é traço,
letra, sol fictício,
porque a lua é crescente.
O dorso de brasas é estação de certezas.
Corpos multiplicados em fachos,
corpos perpassados em eclipses.

O que sinto passa através de mim.
E de mim ficou,
o que bóia na saliva de sua boca.
E de você ficou em mim,
o que não levo.

Resta um verso,
que não quer ser verso,
quer ser sussurro.
E que apenas contém,
uma parte de nós que é só vertigem.
Outra permanente.
Uma parte de nós que soube ser,
um eterno, de repente.

Um comentário:

  1. Nossa!! incrível como revela a mulher de 40. parabéns por esta leitura ímpar da natureza humana.

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