segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PEDRA, PÓ E SILÊNCIO


O homem, contido
em pedra, pó e silêncio,
me espreita.

Vejo-o, reconheço-o,
tal como se, em profundo sigilo
dentro de mim,
algo o procurasse desde o início.

Me ilumino!
As manhãs são apenas a preparação.
Em que tempo mágico ele habitava,
antes que o olhar, detendo um pássaro no vôo,
do céu descesse?

Tão completamente nele me perco,
tão completamente nele me encontro,
que de mim se arrebentam as raízes do mundo.

Tamanha a singeleza,
das flores em suas mãos,
que minha neutra existência se quebra.

E seus negros olhos contra os meus,
fazem-me arder intensamente.
Disse de meu corpo
e de meus possíveis.
Disse da melodia das curvas e dos signos.
Tocou com as mãos meus prazeres.

Uma leve brisa na manhã que se inicia,
faz mover a sua túnica de pedra, pó e silêncio.
O vejo partir.

O homem é grave agora.
Começo a esperar a noite,
                                                talvez ela venha trazendo a lua.

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