quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

AO AMOR





O amor total é perigoso demais.
Feminino demais.
Flui belo em seu brilho.
Não há sequer um fragmento errante.
Como um gesto que se origina no âmago do ser,
como uma expressão necessária.

Uma malha de luz na superfície da água.
Luz e água que afogam.
Em pequenas doses, inebria,
abrindo caminho entre dezenas de sensações.
Acaba se perdendo a alma.
A vida torna-se aguda demais.

O amor total habita meu ventre.
Com que escrutínio gélido ele me observa,
compreendendo minha fome insaciável
de um amante que ama sua mente,
e seu espírito, e sua alma, e seu corpo.
Um despencar no abismo da existência.
Tudo sob a luz do crepúsculo.

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