quarta-feira, 1 de junho de 2011

FRAGMENTOS

Perco partes vitais de mim.
Onde quer que eu esteja,
estou em infinitas peças
sem ousar juntá-las.
Fragmentos voam aqui e ali.
Fragmentos minúsculos de meus atos.

Quantas vidas existem em mim,
na capacidade de enganar a mim mesma?
Minha necessidade de saber
suplanta meu terror de descobrir.
Acima de mim,
acima de meus fragmentos,
discerni uma onda de lamentos.

Lamentos que ressoam como vento lento,
famintos de amor e de sangue,
famintos de minhas entranhas,
                que tanto revelam,
                quanto ocultam.
Fraturas e fissuras reveladoras
de um eu fragmentado.
Fracassou minha busca do fogo
para soldar esses fragmentos,
que me transformariam em uma mulher total.

AMANHÃ


Uma manhã em que o sol não nascerá.
A vida estancará seu curso.
O dia não atingirá o meio do dia.
A chuva não cairá,
como não cairá a tarde.
Não haverá um pôr do sol.
A luz não iluminará sua esperança.
A água não saciará sua sede.
As cores se apagarão.
Não verás teu rosto refletido no espelho.
A música não soará em teus ouvidos,
nem o canto dos pássaros.
O vento não tocará teus cabelos.
Em tua alma se calarão as perguntas,
os desejos.
Não verás ninguém.
Deita-te,
dorme,
sonha,
amanhã o sol pode nascer de novo.